sexta-feira, novembro 25, 2005

DITADORES

23/11/2005

Uma publicação recém-lançada, “As trinta melhores entrevista da Playboy”, traz um diálogo com o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva. Na época ele era o mais recente herói do país, por ter liderado, com inegável coragem, uma longa greve no ABC Paulista que atingiu o governo militar. Lula era o novo, a esperança. Foi assim até finalmente virar presidente da República 23 anos depois.

Hoje, uma crítica que se faz à trajetória do presidente é a falta de evolução intelectual (não ideológica) do Lula vociferante, de barbas mal aparadas, de 1979, até o Lula paz e amor e ternos bem cortados de 2002. Um sindicalista que foi grande não consegue ser um grande presidente.

Naquela entrevista, entretanto, já daria para desconfiar de alguma coisa. Já está lá um certo desprezo pelos livros. O futuro presidente admite que não passa dos prefácios. Passatempo preferido, a televisão e seus filmes de bang-bang. Resistências à Música Popular Brasileira e até um certo desprezo pela obra de seu futuro ministro, Gilberto Gil. Também estão presentes no texto as resistências em se definir ideologicamente e frases ocas como os “25 milhões” de meninos de rua no Brasil.

Mas tudo isso é apenas frivolidade se pensarmos nos maiores ídolos listados: Aiatolá Khomeini, Mao Tse-tung e Hitler. Sobre o último, Lula ainda justifica. Ele admira muito quem se propõe a fazer algo e vai lá e faz. Não havia espaço nas preferências de Lula para democratas (que ele até chega a defender de forma abstrata) nem mesmo para políticos brasileiros.

No texto, Lula conta também um pouco de sua formidável biografia. Sabe cativar entrevistador e leitor angariando simpatia e alguma piedade. De retirante do Nordeste à líder sindical é uma grande história. Infelizmente foi essa imagem que ficou. Suas idéias parecem que nunca foram levadas muito a sério. Até hoje não são. Entretanto, precisávamos eleger para presidente uma biografia que terminou em 1979 e nada mais.

Era uma dívida com a pobreza do país que precisava ser reparada por meio da figura de Lula. No fundo não importava muito quem ele era – um admirador de ditadores.

Fabiano Lana, jornalista, é assessor de imprensa do Senador José Agripino Maia, líder do PFL no Senado. Experiente na cobertura política, trabalhou nos jornais Hoje em Dia e Jornal do Brasil.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois é!
Não viu nada até agora, não ouviu nada tampouco!Está tirando com a nossa cara, roubando a nossa grana, fazendo cada dia mais piores discursos e vamos ter que engolir até 2006!
Pena! Raiva! Descontentamento!
É como me sinto!

Camarada Arcanjo disse...

O texto é preciso e toca no ponto nefrálgico deste senhor Lula e sua saga.

Numa entrevista para a TV, assisti a este senhor Lula, descrever a saga da fundação do PT. Segundo ele, espontânea e naturalmente, afirmava que o partido havia sido fundamentado num documento político italiano.
Não me canso de lembrar.

O documento chamava-se La Lettera del Lavoro, A Carta do Trabalho, que foi criado para fundamentar o fascismo na Itália, de Benito Mussolini. Falava isto, com certa vaidade.

Assistindo a entrevista fiquei pasmo, mas ninguém dava ouvidos ao que eu dizia. Todos só prestavam a atenção no "absurdo" dos governos militares, como se estes fossem um problema. Problema temos agora, e gravíssimo.

Ah! Ainda tem o financiamento externo do partido. Mas isto é outra história.

Anônimo disse...

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