sexta-feira, novembro 25, 2005

Credibilidade em perigo

por Olavo de Carvalho em 25 de novembro de 2005

Resumo: A credibilidade das Forças Armadas corre o risco de ser perdida se os militares, como um todo, se deixarem levar pela sugestão de uns poucos agitadores ambiciosos.

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A perda do estatuto ministerial, o constante e obstinado achincalhe das Forças Armadas na mídia, a redução do seu poder bélico pelos sucessivos cortes de verbas e a humilhação sem fim dos prêmios oficiais concedidos a ex-terroristas enquanto as famílias de suas vítimas recebem aposentadorias miseráveis e aviltantes – a somatória desses ataques parece ter produzido em alguns meios militares, felizmente ainda minoritários, um efeito paradoxal: despertou neles o amor a seus algozes e a compulsão de imitar servilmente o seu ódio aos Estados Unidos.

O entusiasmo com que, entre essas pessoas, se prega uma aproximação com a ditadura chinesa, a parceria com as forças neocomunistas do continente e até mesmo a adoção do conceito totalitário da "guerra de todo o povo", criado pelo líder vietcongue Ho Chi Minh e já oficializado na Venezuela, sugere que, incapazes de reagir com vigor à sucessão de ataques degradantes, homens fardados preferiram aliviar o sentimento de humilhação afeiçoando-se ao agressor e fazendo de conta que os tapas foram, na verdade, afagos.

Qualquer semelhança com a "Síndrome de Estocolmo" não é mera coincidência: assustados ante um poder avassalador que, pela simples força da palavra, sem disparar um tiro, tem o dom de escorraçá-los da sociedade decente e fazê-los sentir-se marginalizados, diminuídos ante o beautiful people das universidades, da mídia e dos meios artísticos, esses oficiais seguem rigidamente a escala de transformações psicológicas descrita pelo filósofo Alain: o opressor é primeiro odiado, depois temido, depois respeitado, por fim amado.

Aqueles que julguem insultuoso esse diagnóstico façam o favor de ponderar que ele advém, na verdade, do desejo de encontrar um atenuante psicológico para atitudes que, de outra forma, só poderiam ser explicadas como colaboração consciente com as forças subversivas da revolução continental e do Foro de São Paulo.

Excluída essa hipótese, que a tornaria compreensível, mas criminosa e ainda mais intolerável portanto, a reação assinalada é tão manifestamente irracional e doentia, que ela, por si, fere a dignidade da mais nobre das nossas instituições, a única que, justamente por representar o contrário de todos os pseudo-valores "politicamente corretos" que corrompem esta nação desde há mais de uma década, desfruta ainda de alguma credibilidade aos olhos do povo.

Essa credibilidade arrisca perder-se por completo se as Forças Armadas como um todo se deixarem levar pela sugestão de uns poucos agitadores ambiciosos. Se isso acontecer, elas serão vistas como aliadas e cúmplices do esquema esquerdista dominante, e não merecerão mais confiança do que ele merece.

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