terça-feira, novembro 15, 2005

TORTURA GLOBAL

por Marli Nogueira em 15 de novembro de 2005
(A autora é Juíza do Trabalho em Brasília.)

Resumo: Provavelmente, para a Rede Bobo, a violência que acomete a maior parte da população não está nas ruas, nas favelas, nos choques de quadrilhas de narcotraficantes ou nos embates entre estes e a polícia.

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Não há a menor dúvida: o governo está se borrando de medo de que, ante os escândalos que o envolvem, frustrando todas as expectativas na tão propalada ética na condução da coisa pública, o povo brasileiro acabe por exigir a interferência das Forças Armadas para colocar novamente o país no rumo da seriedade e do desenvolvimento. Daí o empenho em incutir, na população, o descrédito na instituição, o que vem sendo feito através de sistemáticos ataques não apenas ao período de "tortura" durante o regime militar (matéria que já cansou em demasia a paciência de todos nós), como também à atual administração dos quartéis. Para isso vale-se de seu braço goebbeliano, a Rede Bobo de Televisão (que, por sinal, deve vultosíssimas quantias a título de INSS, segundo propalado na mídia, o que lhe retira toda e qualquer isenção e imparcialidade), que, em horário nobre - e no "Fantástico", é claro -, distorce fatos e apresenta meias verdades com relação a tudo que se refere às Forças Armadas.

No dia 06 de novembro último, o foco foi a "conclusão" de novo laudo pericial dando conta de que os documentos encontrados na Base Aérea de Salvador/BA, foram, sim, queimados ali mesmo, o que invalidaria o laudo anterior. E se este não pode ser aceito pela Rede Bobo, que pelo menos fique a dúvida por ela lançada! Ninguém sabe mais do que os jornalistas da Rede Bobo! Querem, por todos os meios, repassar a idéia de que os militares temem alguma represália com relação às ações por eles tomadas no conturbado período da luta armada (1968/1975), quando já restou mais do que comprovado que as duras medidas adotadas durante o período de caça aos terroristas (muitos deles hoje no poder, graças aos malvados homens de farda que os deixaram soltos, além de física e mentalmente íntegros, para continuarem urdindo suas estratégias políticas de dominação esquerdista) se deveram justamente ao perigo que a nação corria face ao intento dos comunistas de então de instalarem no país um regime idêntico ao de Cuba ou da União Soviética. Não se dá por vencida a Rede Bobo, deixando de reconhecer o que uma grande fatia da sociedade já começou a compreender: que as Forças Armadas salvaram o país de um trágico destino.

No domingo seguinte, 13 de novembro, a intenção foi mostrar uma unidade militar como sendo um antro de psicopatas, cujos integrantes se regozijam em aplicar trotes violentos por ocasião da promoção de seus sargentos. Entrevistado, o Coronel Barcelos explicou, com muita propriedade, que ações violentas são repudiadas pela instituição em suas unidades, avisando, de pronto, que irá ser aberta uma sindicância para apurar os fatos. E é bom mesmo que essa sindicância os examine com cautela, levando em consideração as seguintes hipóteses, não necessariamente nesta ordem:

1) o trote foi realmente praticado da forma como mostrado pelo Fantástico, com a ciência do Comandante da Unidade, o que exige seja ele prontamente punido, inclusive com a destituição do Comando.

2) o trote foi realmente praticado da forma como mostrado, mas sem a ciência do Comandante da Unidade, e sim como mera "tradição" entre os sargentos, o que também exige a punição de todos os envolvidos, inclusive do Comandante, que, mesmo sem tomar ciência daquele trote em particular, já saberia (ou deveria saber, apesar de estar na moda atualmente ninguém saber nada sobre coisa alguma) que a prática era comum naquela organização militar.

3) o trote não foi realmente praticado da forma como mostrado, tendo a cena sido adredemente preparada para fins de filmagem e com a venda posterior da fita à rede de televisão, com objetivo não apenas de mero lucro, mas também de denegrir as Forças Armadas. Essa hipótese não encerra absurdo algum, se levarmos em conta as poses feitas diante da câmera por alguns dos participantes, inclusive com sorrisos típicos de quem sabe que está sendo filmado e poderá ganhar aqueles sonhados minutinhos de fama. E mais: não seria nenhum espanto saber que até as Forças Armadas vêm sendo alvo de ideologização esquerdopata, a ponto de alguns de seus próprios integrantes se prestarem ao papel de atacá-las.

4) o trote não foi realmente praticado da forma como mostrado e nem há "tradição" alguma em fazê-lo, tendo a filmagem sido o resultado de uma "encomenda" prévia para os fins colimados pelo governo por intermédio de sua rede goebbeliana.

5) o trote, não tendo sido praticado da forma como mostrado, pode traduzir-se em verdadeira farsa, em que choques não foram dados, chineladas com havaianas tenham servido apenas para fazer barulho, afogamentos (por sinal muito mal feitos, assemelhando-se mais a um banho do que a uma tentativa de afogamento propriamente dito) não tenham sido sequer tentados.

Em um país cujo governo é integrado, em grande parte, por militantes esquerdopatas que há décadas sofrem desse mal crônico, a ponto de insistirem obstinadamente em implantar por aqui uma ditadura comunista, atualmente coonestada pela técnica gramsciana de "constitucionalidade" e "legalidade", muito mansa e pacíficamente construída ao longo de anos de trabalho intenso por parte desses maus brasileiros que "não desistem nunca", não é nada difícil imaginar a enorme gama de possibilidades de ação torpe que eles podem encetar.

Em um país em que a verdadeira tortura não está em trotes praticados nesta ou naquela unidade militar, mas nas ruas das grandes cidades, onde o cidadão não tem a menor idéia se sairá vivo ou morto quando por elas passa, ou ainda nas enormes maracutaias feitas com o dinheiro suadíssimo do contribuinte, mas cujas "averiguações" se arrastam por mais de seis meses sem que se veja um único culpado ser punido de forma condizente com o tamanho do seu crime, chega a ser risível que uma rede de televisão se dê ao trabalho de divulgar matéria tão evidentemente preparada, sem ao menos ter a coragem de esclarecer o motivo de tal preparação.

Provavelmente, para a Rede Bobo, a violência que acomete a maior parte da população não está nas ruas, nas favelas, nos choques de quadrilhas de narcotraficantes ou nos embates entre estes e a polícia. Está, na certa, no interior dos quartéis, para gáudio de jornalistas que, não vendo mal algum na absoluta ausência do Estado nas grandes cidades, preferem jogar a população contra as Forças Armadas em sua "fantástica" torturazinha global da sociedade.

A intenção, contudo, não será atingida. Quer queiram o governo e a sua redezinha goebbeliana, quer não, a sociedade ainda vê nas Forças Armadas seu maior amparo, pois são elas que lhe levam comida, água, atendimento médico, medicamentos e assistência de toda sorte sempre que necessário. Sempre foi assim e assim continuará sendo.

Por isso, a Rede Bobo que se cuide. É mais fácil a população não dar mais crédito à Rede Bobo do que a Rede Bobo retirar o crédito que a população concede às suas Forças Armadas.




Logo após o término deste artigo, foi noticiada a imediata destituição do Comandante do 20º Batalhão de Infantaria Blindada, em uma atitude de fazer corar os chefes das demais instituições brasileiras, cujos desmandos continuam e continuarão sempre a escandalizar a sociedade, sem que medida alguma seja tomada para punir os culpados. Mais uma prova da seriedade e da ausência de impunidade no seio das Forças Armadas.

Será que essa atitude pronta e enérgica do Comandante do Exército também merecerá uma reportagem especial no "Fantástico"?