Fidel e Raúl, Raúl e Fidel. Inseparáveis monarcas do nobre principado da Ilha de Cuba, dão ao mundo uma demonstração de mudanças arrojadas na gestão de um país. Sem grandes delongas, no caso do Príncipe Regente Fidel deixar o mundo material, Cuba mostrará ao mundo como se faz a transição de um regime autoritário, ditatorial e tirânico para um regime autoritário, tirânico e monárquico. Isto somente acontecerá caso Fidel bata com las buetas e, neste caso, o real sucessor ao trono cubano será seu irmão, o honorável Príncipe Raúl.
Se algum dia Fidel pedir a conta e ir desta para melhor (eu espero, mesmo que com poucas esperanças, que isto ocorra ainda enquanto EU ainda estiver vivo), será dado início a uma dinastia inédita no continente americano. Entretanto, não será a primeira vez que um líder controverso se torna imperador ou com poder similar. Napoleão Bonaparte o foi antes de todos os Castro, os Hitlers, os Pol Pots, os Idi Amin Dadas, os Stálins e outros tantos. Ou seja, se El Rey sobreviver à crise abdominal que acomete Sua Excelência, fica tudo como está. Mas se o Rey Fidel morrer...
Causa-me mal-estar saber que um ditador poderá nomear seu irmão como sucessor ao governo de um país em plena América e em pleno século XXI. Causa nojo saber que alguém em comando trata seu próprio país com tanto descaso e desrespeito. É nojento testemunhar um fenômeno tão escabroso como uma sucessão mentirosa a um trono fictício de um país tão sofrido como o cubano, que já teve de engolir soviéticos indigestos, guerrilheiros desumanos e corruptos com e sem farda.
Eu tenho pena de Cuba. Dizem que é um país lindo, com gente amável e cordial, pequeno em território mas tão grande em sacrifícios feitos em nome de causas que, até o presente momento, poucas virtudes apresentaram por conta da manutenção do país no feudalismo. Mas eu não tenho pena dos cubanos, que não se dão o valor que possuem. Não posso ter pena de um povo que permite transição de poder "mano a mano". Não me compadeço de uma nação que não se levanta mais contra as aberrações sociais, econômicas e históricas a que é submetida.
O episódio de Fidel passar o cetro a seu irmão é tão asqueroso, tão nonsense, tão desrespeitoso com o próprio povo cubano que eu fico a desejar que Fidel se cure nem que seja por milagre. Pelo menos até que haja alguém na ilha que se digne questionar essa barbaridade que já chega a quase meio século.
Vida longa a Fidel, para que veja uma nova Cuba Libre, desta vez dos Príncipes Castro.
Glauco Fonseca - gsccon@terra.com.br
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