O PT sempre imaginou funcionar como uma sociedade secreta, daquelas cheias de símbolos que fariam a felicidade de Dan Brown, aquele do "Código da Vinci". José Dirceu, outrora Grão-Mestre, julgava-se o chefe dos Templários do Século XXI, mesmo sem saber se era Hugh Di Pin, o fundador, ou Jacques de Molay, o coveiro. Acabou na fogueira acesa por Felipe, o Belo, na verdade, Inácio, o Horroroso, mas as comparações são o de menos. Dirceu não queimou em vão. Pelo contrário, sacrificou-se pela causa. A verdade é que o PT reciclou-se e ressurgiu nas profundezas dos castelos de Portugal e da Escócia, zelando por seus tesouros.
O PT se transformou em chave para a prorrogação eterna, legenda outrora criada apenas para defender os peregrinos que demandavam a Terra Santa, ou seja, os operários sequiosos de justiça social. Tudo é segredo, tudo são fórmulas cabalísticas destinadas a preservar segredos de antanho e mecanismos para a inevitável conquista do futuro.
À maneira dos Cavaleiros do Templo de Salomão, falsamente perseguidos pelo Papado, o PT representa hoje uma estrutura que traz um enigma dentro de um mistério. Nada do que seus comandantes falam deve ser entendido através da lógica e da razão. Submetidos a Roma apenas para enganar a Cristandade, trabalham mesmo para submeter o mundo aos seus desígnios imperscrutáveis de domínio material e espiritual.
Tome-se um exemplo. Ricardo Berzoini e Tarso Genro fingem disputar a liderança, empenhados em conduzir os companheiros à dominação universal. Sabem, porém, representar papel secundário, pois acima deles ergue-se o verdadeiro Grão Mestre. Enganam os ingênuos quando alertam para os perigos de o poder temporal assenhorear-se de seus tesouros, no caso, a hipótese de o PMDB participar em condomínio do segundo mandato.
Os dirigentes nominais do PT apenas seguem as instruções cabalísticas do presidente Lula. Pretendem esvaziar e desmoralizar o partido uma vez liderado por Pedro, o Eremita, no caso, o saudoso Dr. Ulysses. "Deus o quer" tornou-se um embuste, à medida que dominando por algum tempo a Terra Santa, no fundo os Templários desejavam dominar o mundo conhecido e o mundo desconhecido. Enganam-se o duque Sarney, o conde Renan e o barão Suassuna. Estão conduzindo suas cruzadas para as profundezas, imaginando salvar Jerusalém.
Depois de celebrado o acordo capaz de garantir maioria parlamentar ao segundo governo, o PMDB perceberá, tarde demais, ter caído na armadilha dos Templários. Seus ilusórios ministérios e diretorias de estatais estarão erodidos pelos mistérios da Ordem. Não saberão, apesar de terem indicado, quais os merecedores de sua lealdade. Desconfiarão deles próprios, tanto pela falta de poder efetivo de que disporão quanto pela falta de confiança em suas próprias convicções. Porque ao primeiro sinal de cizânia entre eles, estarão voltados para o Templário Maior, pretendendo servi-lo até pela traição aos próprios.
Quem presidirá o Congresso? Renan imagina dispor do direito adquirido. É o presidente atual e lei permite segundo mandato. Sarney não admite outra solução que não ele mesmo. Mas Nei Suassuna levanta a bandeira da renovação como líder da cavalaria peemedebista tão sofrida nos embates no deserto senatorial. A palavra final cabe ao Grão Mestre empenhado em dividir para reinar.
Na hora de indicar ministros, de onde surgirão as dúvidas e os confrontos? Lula manobrará nos bastidores, mobilizando seus Templários para insurgir-se contra qualquer indicação. Utilizará recursos do tesouro salvado das fogueiras que ele mesmo, sem dúvida, terá feito espalhar. Jacques De Molay ardeu consciente, sabendo que prestava inestimável colaboração à causa. Assim como Dirceu deixou-se cassar vislumbrando, no fim de tudo, a conquista do poder pela Ordem. Sacrificou-se de caso pensado, ainda que acreditando na ressurreição da carne.
As coisas não são como parecem. Tudo o que é sólido desmancha-se no ar. E tudo o que parece ilusório dispõe de condições para tornar-se rocha. E se quiserem saber de onde provém o imenso recurso para alimentar tamanha trama, basta perguntar onde esta o Templário responsável pela acumulação do tesouro indescritível capaz de permitir tamanho plano diabólico de conquista e preservação do poder. Resposta: no sítio do pai do Delúbio...
Carlos Chagas
Um comentário:
I have been looking for sites like this for a long time. Thank you! » » »
Postar um comentário