terça-feira, junho 13, 2006

O crime compensa?

Sr. Dirceu Lula Delúbio Valério da Silva

LULA QUER PROVAR que o crime compensa e propôs um desafio debochado: que sejam exibidas as confissões e testemunhos sobre a corrupção do seu governo. E o povo, em vez de penalizar os ladrões, ainda o reelegeria. Sugere que o povo, em vez de condenar os culpados impunes, penalize os que denunciaram e provaram as falcatruas.
Pois está aceito o repto. Veremos se prevalecerá a distração temporária, causada pela maciça propaganda oficial. Veremos se a opinião pública relevará, tanto como Lula, o fato de que 40 petistas e assemelhados, ministros e amigos pessoais do presidente, cometeram crimes e não apenas transgressões éticas. Todos acusados pelo Ministério Público e respondendo a processo no Supremo.
Ou por acaso, tudo é mentira, fruto de confissões e testemunhos obtidos sob tortura?
Então, José Dirceu não deixou a Casa Civil da Presidência (nem foi cassado pela Câmara dos Deputados) por chefiar um sistema que começou a ser revelado com as chantagens de Waldomiro Diniz, seu subchefe para assuntos parlamentares?
Duda Mendonça não confessou ter recebido R$ 10,5 milhões ilegais, em contas no exterior, como pagamento da campanha eleitoral de Lula? Silvinho Pereira, secretário do PT, não recebeu de presente um luxuoso Land Rover de uma empreiteira da Petrobras? Delúbio Soares não montou um sistema de chantagem e suborno executado pelo empresário Marcos Valério para distribuir dinheiro vivo (naturalmente, desviado do Banco do Brasil, via Visanet, e de outras fontes públicas) a deputados, em troca de apoio ao Governo Lula?
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Veremos se a opinião pública relevará o fato de que 40 petistas e assemelhados cometeram crimes e não apenas transgressões éticas
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Palocci jamais freqüentou a residência alugada no Lago Sul, em Brasília, por uma gangue de negocistas?
Okamoto, Presidente do Sebrae, não pagou dívidas pessoais de Lula e sua filha com dinheiro de origem não identificada? Ou o irmão de Genoino nada tinha a ver com a história do portador que escondia dólares na cueca, quando foi apanhado no aeroporto de São Paulo por funcionários do próprio governo na inspeção rotineira dos passageiros que embarcavam para Fortaleza? Será tudo isso uma alucinação coletiva?
Abusando da sua condição de presidente da República e transformando atos oficiais em palanque eleitoral, pretendeu chantagear a oposição.
Quer saber quem ousará lembrar aos eleitores de que ele é um protetor de ladrões públicos e acusados em casos de corrupção, roubo, formação de quadrilha, prevaricação, mentira, falsidade ideológica, crimes eleitorais, remessa ilegal de dólares ao exterior e outros delitos -todos apurados pelas CPIs, Polícia Federal e Ministério Público Federal.
Orientado por seus marqueteiros e sempre à sombra de Duda Mendonça, que é seu onipresente conselheiro, Lula ensaia um velho e eficaz golpe de propaganda. A manobra perversa consiste em repetir mentiras e negar verdades com tal insistência e firmeza que o povo termina acreditando que a mentira é verdade e que a verdade é mentira.
Experimentado no mundo inteiro através dos tempos, desde os romanos, tem funcionado eficazmente, até que o próprio povo, enganado, reage a tão sórdida maquinação. Às vezes tardiamente. Mas que Lula não se fie no retardo da reação à sua pirueta de marketing eleitoral. Confesso que nunca ouvi falar, a não ser como façanhas de ditadores desvairados, de ousadia elevada a tal grau de cinismo.
E já que o presidente se dispõe voluntariamente, como fez em Manuas, a confundir-se com os personagens dos escândalos do seu governo, por que não facilitar-lhe o esforço incorporando-os ao seu nome? Ele mesmo intercalou o apelido à própria assinatura. Portanto, que tal chamá-lo de Lula Delúbio Valério da Silva? Ou Dirceu Okamoto Lula Valério?
Ou...sei lá. São tantas as combinações possíveis! No entanto, não importa com que nome Lula se apresentou para fazer campanha eleitoral no Amazonas no dia 1º de junho, com despesas pagas com dinheiro público.
O importante é que suas imposturas não fiquem sem resposta nem suas mentiras repetidas se tornem verdade por falta do protesto e contestação. Em junho de 2005, a indignação popular com esses crimes do governo Lula -os mesmos que agora serão recordados na campanha- poderiam ter provocado seu impeachment. Pois em outubro de 2006 serão a sua derrota eleitoral. Não resta a menor dúvida.
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JORGE BORNHAUSEN é senador da República por Santa Catarina e presidente nacional do PFL