Não, não foi o presidente da Caixa Econômica Federal ou algum gerente o responsável pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo. Um ou outro pode até ter sido o agente operacional, mas o mandante do crime é a mentalidade que tomou conta do PT e, por extensão, do governo Lula.
Vejamos qual é essa mentalidade, na descrição de Oded Grajew, ex-assessor especial de Lula, ainda seu amigo, velho e leal companheiro de viagem do lulo-petismo, hoje desencantado com os companheiros:
"Quando falo de concessões éticas, me refiro à cúpula do partido e ao pessoal do aparelho burocrático, para quem a política é um modo de vida, sua maneira de ganhar a vida", diz Oded em "No Olho do Furacão", coletânea de depoimentos de gente de esquerda, preparada por duas jornalistas britânicas também de esquerda, sobre o colapso do PT.
Completa Oded: "Quando alguém se converte em prefeito ou em senador, o cargo passa a ser sua carreira. Quer ser reeleito, porque necessita dinheiro para viver".
Bingo. Oded poderia acrescentar a prefeito e senador toda a vastíssima gama de funcionários nomeados para os gabinetes dos vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores do PT, bem como a massa de contratados para postos nas prefeituras, governos estaduais e governo federal.
Ah, não esquecer dos cargos na máquina partidária. Se ser secretário-geral do PT rende um Land Rover, dado por uma empresa que faz negócios com o governo, imagine a perspectiva de ganhos que surge de ocupar um cargo no próprio governo, como, digamos, Waldomiro Diniz.
Essa gente toda pisaria no pescoço da própria mãe para poder manter a "boquinha". Violar o sigilo de um caseiro, então, é fichinha.
Hoje, o "modo de vida" descrito por Oded é majoritário no PT. A militância autêntica e idealista ou acredita no conto do vigário da conspiração contra o lulo-petismo ou sai.
CLÓVIS ROSSI
Um comentário:
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