sexta-feira, março 31, 2006

De vis, boçais e cínicos

Se não existisse a oposição, o governo Lula já teria acabado há muito tempo. Os companheiros e neocompanheiros se matam entre eles e, no processo, revelam ao distinto público o caráter que eles próprios acham que o governo tem.
Para ficar só nas contendas mais recentes, há o affaire Antonio Palocci x Jorge Mattoso. O público só ficou sabendo detalhes quase completos do crime do governo contra o caseiro Francenildo graças à pendência entre eles. Um, ministro da Fazenda, o outro, presidente da Caixa Econômica Federal. Reúnem-se em pleno Palácio do Planalto, mas não discutem economia. Discutem um crime. Diz tudo a respeito do caráter de um governo. É claro que o presidente da República não sabia de nada, de novo. Também diz muito sobre o caráter do governo.
Mal as brasas começam a adormecer sobre mais esse crime do lulo-petismo, ficamos sabendo que o governo inclui um "empresário boçal", ainda por cima favorável ao monopólio, e um ministro "vil".
O "empresário boçal" seria o ministro das Comunicações, Hélio Costa, na versão vil, ops, na versão Gilberto Gil, que não teve o menor pejo de ler em público texto em que assim era qualificado seu, digamos, colega de gabinete. O "vil" é o Gil -ou o Gil é o "vil", sei lá-, na versão do "empresário boçal" em declarações aos jornalistas.
Com um ministério assim, o governo não precisa de oposição.
Só num governo assim é possível existir uma líder (no Senado) como Ideli Salvatti, que, sobre a violação do sigilo bancário do caseiro, teve o seguinte "insight": "Qualquer pessoa pode esquecer um extrato em algum lugar e alguém ler".
Poderia ter acrescentado que Francenildo teve o azar de "esquecer" seu extrato justamente na mesa da casa do ministro Palocci.
Cinismo, tudo bem. Já estamos habituados. Mas, pelo amor de Deus, com um mínimo de cérebro.
Clovis Rossi - @ - crossi@uol.com.br

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