segunda-feira, maio 29, 2006

Relembrar é oportuno!

Resumo: Foram os patriotas de copas que permitiram que a tradicionalmente delinqüente e incorrigível canalha vermelha voltasse a conduzir os destinos da nossa Pátria e chegássemos ao caos ao qual chegamos.

A propósito dos acontecimentos que, recentemente, abalaram a cidade de São Paulo e se estenderam por outros pontos do País, deixando a Nação perplexa e amedrontada, lembrei-me do que, há cerca de seis anos, li As Esquerdas e o Crime Organizado, um belo discurso que se fosse considerado por governantes, educadores e por bem intencionados formadores de opinião e, de um modo geral, pela sociedade, não chegaríamos à situação de calamidade pública com a qual ora nos deparamos. Por oportuno, relembrá-lo é da maior conveniência. Não se trata de profecia visionária de fantasmas inexistentes. Mas de fatos, de verdades que já naquela época saltavam aos olhos.

Nesse seu extenso e muito bem fundamentado grito de alerta, Olavo de Carvalho dissecava e comentava o livro de autoria de Carlos Amorim - “Comando Vermelho. A História Secreta do Crime Organizado”.

Logo no início desse artigo, Olavo de Carvalho, com muita propriedade, assim se manifestava sobre a obra: “é um trabalho de valor excepcional, cuja leitura se recomenda a todos os brasileiros que se preocupem com o futuro deste país. Futuro do qual se pode ter um vislumbre pelas palavras de William Lima da Silva, o “Professor”, fundador e guru do Comando Vermelho... etc”.

Inspirado nesse precursor grito de alerta, corri atrás do livro indicado, percorrendo as principais livrarias da cidade do Rio de Janeiro. Estava esgotado. Por uma dessas ironias do destino fui encontrá-lo em um sebo, perto da minha residência, cuja peculiaridade era a de vender livros usados, com ênfase para as obras de Marx, Lenine, Mao, Regis Debray e assemelhados, de forma a matar dois coelhos com uma só cajadada; adiante explico.

Como sempre gosto de ilustrar meus textos com historinhas correlatas, aqui peço vênia para abrir um parêntesis no assunto acima iniciado, para justificar a citada ironia do destino. Informo aos meus prezados leitores que o dono do sebo, identificando-me como voraz leitor das obras de Marx et caterva e certificando-se da minha fluência no “comunistês”, abriu. A abertura do dono do sebo consistiu em me contar que era o chefe da célula do Partido Comunista do Brasil (PC do B) do bairro e que nos fundos da livraria é que, semanalmente, se realizavam os encontros do grupo que chefiava. Aduziu que, além disto, a venda dos livros fazia caixa para pagar o aluguel da loja que sem despertar suspeitas abrigava os encontros, ao mesmo tempo em que disponibilizava a literatura que convinha ao seu Partido. Como disse-me simpatizante comunista, fui convidado para me alistar no Partido, chegando a receber a ficha de inscrição. Arrotando a famosa ética comunista, fiz questão de pagar o livro (R$ 9,00) que me foi oferecido de graça. Peguei-o e “sumi do mapa”.

Dizia-se que um subversivo “abriu”, quando um militante comunista era preso e, ao ser interrogado, de bom grado confessava sua participação em atividades subversivas, no mais das vezes, para salvar a pele, em delação premiada, “entregava” a sua organização e seus “cumpanheiros”. É claro que era um dito, utilizado por integrantes do Sistema Nacional de Informações (hoje, Inteligência), desde há muito usado por policiais e, também, adotado pelos subversivos, nos anos, ditos “de chumbo”.

Porque vivi intensamente tais anos eu refuto a pecha: nem tanto chumbo quanto dizem, em continuado e cínico trabalho subversivo que visa incutir no senso comum da sociedade que eram santas as criaturas que, “por amor à democracia”, combatiam a ditadura que destruiu as suas vidas. Deslavada mentira, pois quase que a totalidade dos inimigos da Pátria, mesmo professando doutrina alienígena, sobreviveu e, voltando, foi-lhe permitido tomar o governo da República e meter a mão no dinheiro público, para a reedição da frustrada tentativa de transformar o Brasil num país socialista.

Muitos dos que para isso concorreram e agora choram lágrimas de sangue, podem ser enquadrados na categoria daqueles que SÓ se interessam pelo destino do seu País, quando o Brasil disputa a Copa do Mundo. No mais, cuidam das suas conveniências pessoais e o resto que se dane.

Foram esses patriotas de copas, repito, que permitiram que a tradicionalmente delinqüente e incorrigível canalha vermelha voltasse a conduzir os destinos da nossa Pátria e chegássemos ao caos ao qual chegamos. Agora agüentem, raciocinem se conseguirem, tendo em mente só o consolo de que errar é humano. Mas não se esqueçam de que é recomendável a lembrança de que persistir no erro é burrice.

Voltando ao início do assunto, relato que devorei o livro de Carlos Amorim e aproveitei a esclarecedora contribuição do Olavo para difundir no meu círculo a sua preciosa advertência. Então, escrevi um artigo que foi publicado no extinto jornal alternativo Ombro a Ombro e transcrito em dois “sites” da Internet.

A seguir, permito-me, em excerto, relembrar alguns dos seus tópicos, no intuito de mais uma vez mostrar que a omissão das nossas autoridades e a leniência da sociedade são coisa da antiga, portanto, não me causando espanto a recente prisão do festejado “rapper” Colibri, indiciado pelo Ministério Público por cumplicidade com o crime organizado:

“Por uma dessas ironias do destino” ou “mera coincidência”, pouco tempo depois de ler o livro, encontrei, na página oito de O Globo de 24/06/2000, a transcrição da letra de um "rap" do grupo Facção Central que faz parte do terceiro CD desses propagandistas do crime e da violência que vêm invadindo nossos lares, por intermédio de um videoclipe apresentado pela MTV, como lídima e autêntica manifestação artística. O pior é que tem quem disto goste, isto é: tem bobo para tudo. Venderam cerca de 38 mil discos.

Matando a normal curiosidade dos meus leitores e, antecipadamente, me desculpando pela possível provocação da Síndrome do Pânico Coletivo, além de inevitáveis espasmos estomacais que possam advir da sua leitura, atrevo-me a transcrever trechos da composição intitulada:

É UMA GUERRA ONDE SÓ SOBREVIVE QUEM ATIRA

– "Quem enquadra a mansão, quem trafica. Infelizmente o livro não resolve/O Brasil só me respeita com o revólver/ O juiz ajoelha, o executivo chora/ Para não sentir o calibre da pistola/ Se eu quero roupa, comida, alguém tem de sangrar/ Vou enquadrar uma burguesa/ E atirar para matar/ Vou furtar seus bens/ E ficar bem louco/ Seqüestrar alguém no caixa eletrônico/ A minha quinta série só não adianta/ Se eu tivesse um refém com o meu cano na garganta/ Aí não tem gambé para negociar/ Vai se ferrar, é hora de me vingar”.

Se atentarmos para esse amontoado de sandices, aparentemente desconexas, podemos afirmar, sem dúvida de erro, que a fraseologia é eminentemente revolucionária e as cabeças dos seus autores armazenam ódio e desejo de vingança contra toda a sociedade. Por outro lado, nunca é demais assinalar-se que esses "poetas" não nasceram com tais idéias. Essa cantilena incitadora, nossa velha conhecida, está claramente estruturada por princípios da luta de classes. Tem dono e difusores. Acredito que nem preciso dizer quem são e muito menos que bombardeiam, com rara eficácia, o nosso dia-a-dia, seja por insanos, “papagaios", seja pela imprensa escrita, falada ou como nesse caso, pela telinha da TV.

Depois destes concretos exemplos de propaganda político-ideológica, fica claro que os alunos da Ilha Grande tornaram-se também professores para novas gerações e, em cadeia, propagaram-se idéias e ideais que vêm, pela mão do crime organizado, infernizando a vida de toda uma população e estimulando a proliferação do crime desorganizado.

É uma bola de neve rolando montanha abaixo e que, para dissolvê-la, não mais urgem, já rugem, sérias, honestas, demoradas e substanciais ações, principalmente no campo educacional – lato senso - pois paliativos demagógicos como melhoria da iluminação pública e outras baboseiras constantes do Plano Nacional de Segurança Pública, do governo Fernando Henrique, recentemente divulgado como a oitava maravilha, só servem para facilitar o gasto, nem sempre honesto, do dinheiro público, bem como para massagear o ego da turma do “quanto pior, melhor”. E acredite quem quiser: essa gente deve estar dando boas gargalhadas às custas de uma aflição nacional a qual, perversamente, fomentaram.

Jorge Baptista Ribeiro
Coronel R/1 do Exército é bacharel em Ciências Sociais, pela então Universidade do Estado da Guanabara e estudioso da Guerra Revolucionária.

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