terça-feira, maio 16, 2006

Até quando, sabemos; mas até onde?

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Prometiam fazer-me retirar a afirmação de que este país se verá livre do PT por muito tempo. Pois reafirmo a aposta.
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JORGE BORNHAUSEN

"Ô Bornhausen / estou aqui/ a nossa raça/ tu vai ter que engolir." "Tu vai", assim mesmo -trocando a concordância para parecer espontâneo e popular, quando, na verdade, era uma peça de marketing ensaiada, falsa como é a maior parte do PT-, um coro de militantes desafiou-me no encontro nacional petista. Prometiam fazer-me retirar a afirmação de que este país, a partir de janeiro, se verá livre do petismo por muito tempo. Pois me apresento voluntariamente para reafirmar a aposta.
Estou sinceramente convencido de que o povo brasileiro tem vergonha e não esquecerá os tempos de corrupção, mentira, cinismo, incompetência, populismo e chantagem do governo Lula.
Um quadro que, ao ser revelado, há dois anos, com o "caso Waldomiro Diniz", já parecia escabroso e que se supera a cada dia.

Quando se imaginava que havia atingido o ápice, com a explícita traição dos interesses nacionais na crise Brasil-Bolívia, surgem as declarações de Silvio Pereira, que secretariava a conspiração petista com Marcos Valério. Ou seja, além de imolar o país, por meio da evidente cumplicidade dos petistas com o tresloucado venezuelano Chávez, "muy amigo" preferencial da atual política externa brasileira, temos a indicação de que Lula, pessoalmente, participou de decisões ilegais.
Não sou profeta, até assumo muitos erros de previsão. Muitas vezes confiei em generosas inspirações quixotescas. Esqueci que a insensatez tende a premiar os mais astutos. Agora, porém, insisto na certeza de que, em janeiro de 2007, acabará o pesadelo petista.

Com o fim do governo Lula -sua corrupção acintosa, a falsidade ideológica, a mentira, até o crime político-, este país respirará. Poderá fazer opções verdadeiramente democráticas, sejam partidárias, ideológicas, programáticas, administrativas, livres do suborno, chantagens de instituições como o mensalão, valeriodutos, "dinheiro não contabilizado" com que se tenta truncar a verdade eleitoral, subverter a fidelidade partidária, desmoralizar as instituições.

A pajelança do PT a Lula em que o coro do "tu vai" tentava me agredir, era, em si mesmo, uma farsa grotesca. Ou seja, uma evidente manifestação eleitoral, enquanto o próprio candidato -para enganar a quem, à Justiça Eleitoral?-, como vem fazendo acintosamente, usando dinheiro e próprios do governo numa campanha cara e desigual, repetia que ainda não tinha decidido concorrer à reeleição... Patética ironia, Lula dizer que não é candidato! Presidente da República é que ele não é, porque não trabalha, não governa, delega para incompetentes e só aparece para fazer discursos vazios e demagógicos ou para entregar os interesses nacionais aos seus parceiros Chávez, Morales e cia.

Como se não bastassem as tristes revelações de cada dia, na semana passada, viu-se o uso eleitoral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, que aplicou num único município de Ceará tanto quanto em todo Estado do Piauí, para beneficiar um aliado do governo, conforme denúncia do Ministério Público. Fazer política com verbas da seca é coisa que parecia ter ficado no passado, mas está aí. Não é denúncia vazia. Daí a apreensão geral.

Lula e o segmento corrupto do PT desmoralizaram tudo neste país. Acenaram com um sindicalismo democrático -que devia sepultar o peleguismo estadonovista, como eles mesmos diziam- e criaram uma nova classe de burocratas que esvazia as lutas dos trabalhadores; garantiram que o país teria uma nova política externa, e transformaram o Itamaraty em centro de reeducação marxista. Prometeram uma nova política econômica e fizeram o Brasil perder o grande boom da economia mundial, que cresce a uma média de 7%, 8% ao ano, enquanto não vamos além dos 2,5%.

Comprometeram-se com mecanismos de política social -como o Fome Zero- e apenas recauchutaram, com pitadas de corrupção e paternalismo, o Bolsa-Escola, o vale-gás e outros mecanismos que já existiam e funcionavam sem roubo ou desvios... O Bolsa-Família é uma apropriação indébita, apenas uma marca de fantasia, com drenos para facilitar desvios de dinheiro público, com cartões distribuídos por cabos eleitorais, utilizando formas competentes de distribuição de renda que já existiam. Se o Bolsa-Família fosse um produto comercial e industrial, Lula já estaria condenado na Justiça por pirataria, apropriação de marcas, idéias e direito autoral de terceiros.

Por tudo isso, e à medida que o processo eleitoral se desenvolver -na verdade, hoje, apenas Lula, a pretexto de divulgar atos presidenciais, faz propaganda eleitoral com marketing estruturado-, a opinião pública tomará consciência de que Lula e a parcela corrupta do PT já foram longe demais em matéria de desastres políticos, econômicos e sociais. Daí, a minha certeza de que não haverá reeleição. Sabemos, portanto, que a impostura termina em 31 de dezembro. Impreterivelmente. A questão é saber até onde, nesses próximos meses, até 31 de dezembro, Lula e o PT nos levarão. Qual será o limite de tantos desvios éticos, corrupção e erros? Felizmente já sabemos até quando os aturaremos. Mas até onde chegarão?
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Jorge Konder Bornhausen, 68, senador pelo PFL-SC, é o presidente nacional do partido.