A desenvoltura com que o presidente Hugo Chávez circula e atua ostensivamente em território nacional é crescente e ganha contornos cada vez mais surpreendentes e inaceitáveis.
O presidente venezuelano assumiu a condição de interlocutor privilegiado de movimentos sociais brasileiros, notadamente o MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra -, se arvorando ao papel de mediador de conflitos internos sob o silêncio das autoridades constituídas do País.
A “última” do coronel Chávez foi protagonizada no Paraná, quando de sua caricata e histriônica visita a Curitiba. Tendo por cenário o belo teatro Guaíra, o MST “protocolou” suas queixas, no tocante ao não-cumprimento das metas da reforma agrária na gestão do presidente Lula, junto ao presidente venezuelano.
Entre os seus adeptos na América do Sul, o presidente Hugo Chávez vem recebendo guarida especial do presidente Lula, em que pese o tratamento e as mesuras que lhe reservam o comandante Fidel Castro e o presidente boliviano Evo Morales.
O neocaudilho, como já foi definido, nas suas repetidas visitas ao Brasil, tem feito questão de se avistar com o comando do MST e interferir em questões e assuntos internos. Os encontros com os representantes do movimento são constantes e, em diversas ocasiões, pautados por manifestações de apoio ao líder venezuelano, retribuídas no mesmo tom. Suas freqüentes visitas de “cortesia” incluem invariavelmente uma escala técnica pelos assentamentos do MST.
Destaco igualmente que o presidente venezuelano tem atuado como cabo eleitoral da reeleição do presidente Lula, bem como tem cabalado votos em favor de Ollanta Humala, concorrente no segundo turno das eleições peruanas. Sem dúvida, o coronel Hugo Chávez é o que podemos chamar de persona grata ao governo do presidente Lula. Não é a toa que ele declara reiteradamente que compartilha de “visões estratégicas” com o seu colega brasileiro.
Durante sua burlesca passagem pelo Paraná, em alguns momentos, o presidente Chávez foi às raias da insensatez. Referindo-se ao furacão katrina, que todos sabemos devastou parte do sul dos EUA no ano passado, com inúmeras vítimas, ele comentou: "estou cada vez mais convencido de que Deus ajuda Chávez e seus amigos".
A liderança exercida pelo senhor Chávez não é paradigma nem para os governantes muito menos para as democracias da América do Sul. Devemos relembrar que o então candidato foi alçado à presidência numa eleição na qual mais de 75% dos eleitores não votaram. Na Venezuela o seu domínio se amplifica e a prevalência do Executivo se consolida em detrimento dos demais Poderes.
A ingerência desse mandatário em assuntos internos é notória. Até quando vamos aceitar as incursões grotescas do presidente Hugo Chávez? Durante sua peregrinação na capital paranaense, deixou implícito que considera o “chefe nacional” do MST, João Pedro Stédile, seu representante pessoal no Brasil.
O presidente Chávez ainda teoriza e formula teses sobre os mais agudos problemas de nossa conjuntura política. Na sua avaliação, as acusações de corrupção na gestão do presidente Lula devem ser consideradas sob o seguinte ângulo: “querem nos impor a moral que os beneficia” (aludindo aos partidos locais de oposição). Por outro lado, não mede esforços para se fazer presente, inclusive, em manifestações populares. Todos se recordam da “ajuda” financeira oferecida à escola de samba Vila Isabel, campeã do carnaval carioca de 2006.
Estou convencido de que a presença desse mandatário sul-americano em nosso país é insustentável e merece ser examinada sob a ótica diplomática e da soberania nacional.
Senador Alvaro Dias
2 comentários:
What a great site » » »
I have been looking for sites like this for a long time. Thank you! » »
Postar um comentário