quarta-feira, abril 26, 2006

PORTADORES DA DIGNIDADE

“Las variaciones de la sensibilidad vital que son decisivas em historia se presentam bajo la forma de generación. Una generacion no es un puñado de hombres egregios, ni simplesmente una masa; es como un nuevo cuerpo social íntegro, con sua minoria selecta y su muchedumbre, que ha sido lanzado sobre el ámbito de la existencia con una trayectoria vital determinada. La generación, compromiso dinámico entre masa e individuo, es el concepto más importante de la historia, y, por decirlo así, el gozne sobre que ésta ejecuta sus movimientos”.
Ortega y Gasset, em EL TEMA DE NUESTRO TEMPO

A sucessão de perdões que o plenário da Câmara de Deputados tem dado aos mensaleiros comprovados, contrariando os pareceres do Conselho de Ética e as provas documentais e testemunhais acumuladas serve para mostrar que as casas do Congresso espelham o aviltamento moral da Nação. O Congresso não é pior nem melhor que o brasileiro médio que lhe deu o voto.

Lembro aqui a idéia de Ortega y Gasset, de que cada geração tem uma certa marca característica diferente da que lhe antecedeu e daquela que lhe sucederá, isso em todos os campos, do religioso aos gostos no falar e no vestir, na estética, na filosofia e também na moral. A geração que está no poder – no poder político, no comando das famílias e das empresas, das universidades, aqueles que decidem – são os nascidos nos anos cinqüenta e sessenta, a geração chamada de 68. Sua juventude foi regada pelo discurso da rebeldia, do amor livre, contra a família, a tradição, a religião, a ordem pública, pela revolução comunista. Foi essa a marca registrada da geração que está no comando. O PT governando é o ápice desse processo, sua expressão de poder.

Temos que levar em conta que o fenômeno do homem-massa chamado a deliberar politicamente pelo voto é um fato recente no Brasil, advindo da urbanização rápida e do processo de alfabetização em massa, que se consolida depois da Segunda Guerra. A emergência da geração 68 no poder se confunde com a delegação ao homem-massa para escolher seus representantes, após a passagem do poder dos militares aos civis. Os eleitos, em sua maioria, são espelhos desses homens-massa, chegados ao poder na miragem de que é possível fazer do Estado um instrumento de igualitarismo e que o distributivismo irracional e antieconômico seria a varinha de condão para a eliminação dos males sociais. Esse é o Congresso que delibera, é o Executivo que toma decisões e governa. Lula é a expressão mais acabada do homem-massa que chegou ao poder, suportado pelas idéias tortas que vigoraram na sua geração.

É essa geração que fez explodir a inflação em nosso País e que fará explodir as finanças públicas por conta da (im)Previdência Social e as muitas bolsas disso e daquilo, que oneram os que trabalham diuturnamente. A quebra do Tesouro será inapelável e a bomba-relógio está ativada. Enquanto a explosão não acontece assitimos a mais cínica, infame, brutal e indecente concentração de renda patrocinada pelo Estado, que tira dos que trabalham para dar aos parasitas de todos os tamanhos, dos esmoleiros das bolsas aos marajás mais aquinhoados.

No Brasil de hoje vivemos tempos parecidos com a Europa dos anos vinte. As conseqüências históricas em escala global são insignificantes em face da desimportância internacional que temos como Nação. Mas os filhos desse solo não têm como escapar das dores e sofrimentos exigidos para a expiação das culpas todas. Cada um carregará o seu quinhão.

Mesmo aquelas pessoas que individualmente se afastaram daquela atmosfera licenciosa e despudorada da geração 68 estão imersos no espírito dos tempos e têm dificuldades de escapar de seus ditames. Apenas uns poucos conseguem, aqueles que carregam os restos de Israel e que entregarão à geração seguinte os bons modos perdidos e os valores morais superiores que precisam ser resgatados. Esse processo já está em marcha. Só espero que não precisemos aqui do que a Europa precisou para a sua expiação: de sangue em profusão e de fornos crematórios, uma guerra inteira.

Quero aqui elogiar as figuras públicas do Senador Delcídio Amaral e do deputado Osmar Serraglio. Muita gente esperava e desejava o indiciamento do presidente Lula pela CPI dos Correios. Mas todos sabemos que a ação políticas é a arte do possível. Esses dois homens dignificaram com a sua ação a função parlamentar, enaltecendo a democracia. Fazem parte dos restos de Israel, aquele esteio moral no qual a novíssima geração precisa se mirar. Do pântano de lama ainda é possível esperar nascer a mais bela flor.
http://www.nivaldocordeiro.org/

Um comentário:

Anônimo disse...

best regards, nice info How to get off topamax