Por Ricardo Noblat em 07/12/2005
Lula protagonizou, hoje, um inesquecível show de cinismo ao falar sobre o ex-deputado José Dirceu e o escândalo do mensalão em entrevista a emissoras de rádio. Fez afirmações do tipo:
* "O Zé Dirceu acaba de ser cassado. Vocês podem me dizer qual acusação que foi provada contra o Zé Dirceu? Não foi provado";
* "Houve crime eleitoral de caixa dois, já provado na CPI. Ninguém nega isso" (ao negar o mensalão e outros possíveis crimes);
* "Não sei quem sabia. O companheiro Delúbio Soares assumiu a responsabilidade pelo PT. A direção do PT não tinha porque me comunicar" (sobre a origem dos recursos para sua campanha);
* "Quantas mães e pais têm filhos dentro de casa, praticando delitos, usando drogas, e não sabem? No Estado, por que um ministro tem que saber tudo o que ocorre no território nacional?";
Por último, Lula disse ainda que levará Dirceu para seu palanque, caso seja candidato à reeleição. Como se não fosse. E como se Dirceu admitisse subir no palanque dele. Não admite.
O cinismo está no fato de que Lula só decidiu defender o principal responsável por sua eleição depois que ele foi cassado. Antes, tentou forçá-lo a renunciar. E em seguida lavou as mãos.
Na verdade, está com medo do que Dirceu venha a falar daqui para frente. E da influência dele dentro do PT.
Dirceu foi para o matadouro como um cordeiro. Para se defender teria de apontar nosso Delúbio como homem de confiança de Lula. Teria de lembrar das vezes que Delúbio foi hóspede de Lula na Granja do Torto. E teria que repetir a frase que um dia cunhou:
- Nada fiz sem autorização e o conhecimento do presidente da República.
Em seu último discurso como deputado, disse algo que de propósito soou dúbio:
- Todos nesta casa (a Câmara) sabem que eu nunca fui o chefe do mensalão.
A frase se perdeu no meio do discurso. Ninguém se interessou em perguntar a Dirceu sobre a identidade do chefe do mensalão. Ele não também não a revelaria. Quer passar para a História como o homem que garantiu com seu silêncio a sobrevivência do governo que ajudou a fundar.
Lula vai morrer negando que o mensalão existiu - assim como nosso Delúbio nega. E vai morrer se fingindo de idiota por nunca ter tido a curiosidade de perguntar sobre as fontes de financiamento de sua campanha.
A desculpa de que a direção do PT não tinha porque lhe informar sobre onde e como arrecadava dinheiro não passa de desculpa - rota, tosca e falsa.
Diante da Justiça, o candidato é responsável pelas contas de sua campanha. O mínimo que se espera dele, pois, é que esteja a par dos números. E da natureza sadia dos números.
Somente os índios, as crianças e os loucos de todos os gêneros são inimputáveis face ao Código Penal brasileiro. Pelo jeito, Lula quer acrescentar uma nova categoria - a dos candidatos distraídos. E também a dos ministros e presidentes que não têm obrigação de saber "tudo o que ocorre no território nacional".
De Lula, esperava-se que soubesse, pelo menos, o que ocorria a poucos metros do seu gabinete de trabalho.
3 comentários:
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