Como se não bastasse todos os desmandos que ocorrem nesse país, toda a violência, toda impunidade, toda falta de tudo temos que aceitar uma peça de teatro que faz apologia ao crime.
É isso mesmo meus amigos. Peça de teatro fazendo apologia ao crime. Desde a semana passada esta em cartaz a peça “Salmo 91”, que é uma adaptação do livro de Drauzio Varella, Estação Carandiru. A peça, segundo todos os grandes meios de comunicação, gira em torno dos fatos ocorridos na Casa de Detenção em 2 de outubro de 1992 que terminou com um saldo de 111 criminosos mortos em confronto com a policia.
Não podemos admitir que isso aconteça, enquanto gritamos aos quatro ventos implorando por justiça aos nossos entes queridos brutalmente assassinados, enquanto lutamos para que o código penal seja alterado, enquanto vivemos revoltados com a impunidade de verdadeiros monstros, temos que abrir os jornais e as revistas que circulam em nosso país e ler que existe uma peça em cartaz que conta as atrocidades de que foram vitimas os bandidos que se encontravam presos.
Não é possível uma coisa dessas. Parafraseando o amigo Jorge Damus, pai do Rodrigo – que teve sua vida ceifada na flor da juventude por um “menor” – “Até quando” teremos que tolerar esse tipo de atitude? Não estou aqui clamando pela volta da censura no país, estou aqui tentando descobrir, desde que li o Caderno 2 do Jornal O Estrado de São Paulo dessa quarta-feira (18/07/2007), onde esta o bom senso das pessoas? O que se pretende com uma peça desse tipo? Com certeza receberemos como resposta que isso é uma “obra de ficção”, como o filme de Hector Babenco, Carandiru. Obra de ficção de um fato verídico?
O título da peça é “Salmo 91”. Um dos versículos desse Salmo diz o seguinte: 'Mil cairão à sua direita, e dez mil à sua esquerda, mas a ti nada acontecerá, nada te atingirá'. Se formos aplicar aos presos, teremos que concluir que: Aos presos nada acontecerá!
Como assim? Será que enlouqueci? Em que mundo estou vivendo? O que mais vai acontecer?
Perdoem-me, mas estou completamente indignada. Há 4 meses escrevi um desabafo como este intitulado “Basta de Impunidade”, falando do absurdo de termos assassinos soltos por aí, convivendo com cidadãos de bem. Falando de minha revolta por saber que a pessoa apontada pela polícia e pela promotoria pública como assassina do Coronel Ubiratan Guimarães continua solta. Naquele momento estávamos revoltados com o assassinado do menino João Hëlio. Nós, os defensores dos humanos direitos, dos direitos dos cidadãos de bem, passamos esses meses lutando, fazendo passeatas e tentando sensibilizar os governantes e a sociedade para os absurdos que acontecem em nosso país, enquanto artistas fazem montagens defendendo os criminosos. Repito, não estou querendo censura, só peço bom senso. Quando se fala de um fato ocorrido, de uma história verídica, temos que tomar o cuidado de não sermos parciais, temos que apresentar o que realmente ocorreu, sem ser tendencioso.
Agora pergunto a vocês: O que mais falta acontecer? Mais uma menina ser estuprada como Liana Friedenbach? Mais uma jovem como Gabriela Prado Maia Ribeiro, Rodrigo Damus, Felipe Caffé e tantos outros ser assassinado? Mais uma criança como João Helio ser arrastado pelas ruas de uma cidade? Teremos que ter mais uma mãe, como Dona Fumio, que sabe que o assassino do seu filho de apenas 23 anos esta nas ruas? Vamos esperar mais um “crime passional” como o que vitimou o Coronel Ubiratan?
Até quando? Não sei quanto a vocês meus amigos, mas eu não suporto mais!
Karina Florido Rodrigues, 30 anos, ex-assessora do Deputado Coronel Ubiratan Guimarães
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