Além de um Freud, Lula tem na equipe de assessores especiais no Planalto um Espinoza. Durante seus 22 anos de oposição, formou-se a lenda de que o PT tinha quadros. Como o filósofo Baruch Espinoza morreu em 1677, e Sigmund Freud, em 1939, Lula não tinha como levar para o palácio os originais, mas havia opções melhores do que as que escolheu.
Da filósofa Marilena Chaui (a espinoziana) ao psicanalista Renato Mezan (o freudiano), era fácil citar quem poderia dar alguma idéia que arejasse o governo.
O freudiano Mezan, no Planalto, poderia ter lembrado Lula de que quem está constantemente comparando-se com o outro não está seguro de si e sofre do complexo edipiano de voltar-se contra o pai, contra aquele que representa o predecessor.
No poder, Chaui poderia ter lembrado a Lula que "Ética" é a principal obra de Espinoza. Nela, jamais fala em "pecado e em dever", mas, sim, "em fraqueza e em força para ser, pensar e agir". Chaui ajudaria Lula, por meio de Espinoza, até a explicar por que, eleito sob o lema da mudança, tudo continua como sempre esteve. "Uma mudança, que é uma paixão, deixa de ser paixão no momento em que dela formamos uma idéia clara e distinta." Talvez Chaui deixasse de lado uma outra frase do filósofo: "O tirano precisa das almas tristes para triunfar, tal como as almas tristes precisam de um tirano para se acolherem e propagarem".
Mas o PT ganhou a eleição e quem galgou o poder foram Freud Godoy e José Carlos Espinoza -seguranças, amigos, dupla de faz-tudo com cargo no Planalto. Lula escolheu como "assessores especiais" o Freud e o Espinoza errados. Se tivesse nomeado Baruch e Sigmund, eles também se moveriam nas sombras, mas seriam fantasmas menos assustadores.
Plínio Fraga
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