A se confirmar a estiagem de dinheiro no mundo nos próximos dois anos, começa agora a autópsia da Era Lula.
Aninhado em seu berço esplêndido, o operário terá que descer do paraíso e dar uma chegadinha na Terra para ver um pouco da vida real. E preparar-se para ver seus mitos em liquidação nas Casas Bahia.
Um deles é Dilma Rousseff. A mãe do PAC e de outras abstrações, a super-gerente da Carochinha, a ministra-candidata que ia acabar com a pobreza em 15 anos com o dinheiro do pré-sal – toda essa literatura pode começar a ser catalogada no museu do folclore.
O mito do Lula desenvolvimentista também logo dará entrada no IML. Por trás do presidente generoso, quase um clone de JK, que dá dinheiro de graça aos pobres (mesmo os que têm carro na garagem), que cria repartições infinitas e distribui empregos aos companheiros, surgirá enfim a conta (salgada) da festa.
A pedagogia da crise fará a autópsia do Lula sobre-humano. Com os bolsos apertados, a população começará a sentir a ressaca de ter absolvido um estado-maior quase 100% acusado de operações obscuras.
A cândida inocência do líder, que nunca soube de nada do que aprontavam os seus Dirceus, Delúbios, Silvinhos, Gushikens, Berzoinis, Waldomiros, Valdebrans, Gedimars, Bargas, Lorenzettis e companhia, ficará sub judice.
O sufoco econômico fará bem a Lula. Ele será despido de seu figurino de santidade, e entenderá o seu real valor – o de ter mantido o receituário da estabilidade econômica e surfado na estabilidade política.
Talvez até dedique seus últimos dois anos no Planalto a governar. Os hobbies e passatempos – espionar Daniel Dantas, retocar a maquete da super Dilma, trocar bilhetinhos ideológicos com as Farc, insuflar Tarso Genro contra a imprensa burguesa etc – ficarão como doces lembranças de um tempo feliz. É chegada a hora de trabalhar.
Adeus, Lula de pelúcia.
por Guilherme Fiuza
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