Lula discursou ontem na ONU. A relevância dessa cerimônia é nula. Exceto para os acólitos e familiares presenteados com um passeio por Nova York.
A fala lulista incluiu a já conhecida ladainha sobre reforma do Conselho de Segurança e combate à fome. O brasileiro também esteve prestes a classificar o capitalismo brasileiro como melhor do que o norte-americano -usando o discurso juvenil segundo o qual tudo se resolve com política.
Até aí, está no preço. Lula é Lula. Só uma afirmação perdida no texto presidencial continha uma dose extra de panglossianismo. Ao regozijar-se pela situação econômica, disse que tudo se deu com o "fortalecimento da democracia, com intensa participação popular".
Identificar "intensa participação popular" no Brasil é uma licença poética. É ínfimo o envolvimento dos brasileiros na construção de instituições mais fortes e sólidas.
Para ficar num exemplo, a conexão dos cidadãos com os partidos políticos é inexistente, abúlica -aliás, todas as siglas são apenas ações entre amigos, ou grupo de amigos rachados, como o PSDB paulista.
Os petistas vão reclamar. O PT é um "partido popular", dirão. Faz até prévias em algumas disputas. É verdade, embora com inserção marginal na sociedade.
Eis um dado concreto. Lula se reelegeu em 2006 com 58,2 milhões de votos. Declarou ter recebido dinheiro de 1.624 doadores. Neste ano, nos EUA, o democrata Barack Obama já registrou 2,2 milhões de doadores individuais. O republicano John McCain contabiliza 730 mil contribuintes. Tudo na democracia de mercado com os palpiteiros criticados por Lula.
O petista talvez se encante com a classe média viajando para Miami ou comprando bugiganga chinesa nos camelôs. Esses, certamente aprovam Lula. Mas não têm nada a ver com "participação popular".
Fernando Rodrigues - frodriguesbsb@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário