sexta-feira, agosto 21, 2009

OS TRAPALHÕES

por Carlos Chagas

Anos atrás os trapalhões eram quatro: Dedé, Didi, Muçum e Zacarias, os dois últimos de saudosa memória. Hoje, são muitos mais. Acima de fazer rir, fazem chorar, lamentar e ranger os dentes. Jamais se viu na crônica do Senado comportamento tão indigno de boa parte de seus integrantes.
Trapalhões foram Paulo Duque, conduzindo o Conselho de Ética como a Mãe Joana conduzia o seu estabelecimento. Aloísio Mercadante, girando mais do que biruta de aeroporto, desagradando o PT inteiro e servindo de chacota para os demais partidos. Wellington Salgado, fazendo as vezes de Sansão às avessas, pois quanto mais crescem seus abomináveis cabelos, mais se credencia a demonstrar fraqueza e indigência. Almeida Lima, um Rolando Lero mais eficiente do que o original, na escolinha de horror do Senado. Ideli Salvatti, a perfeita bruxa da Branca de Neve que em vez de oferecer maçãs envenenadas, engoliu todas de uma vez. Romero Jucá, líder dos dois mundos, pensando em imitar Taillerand mas representando o papel Luís XVI a caminho da guilhotina. E quantos mais, envolvidos na mais execrável das pantomimas parlamentares, dirigida dos porões do palácio do Planalto?
Indaga-se quando e como o Senado poderá pensar em recuperar sua imagem, depois do espetáculo desta semana. Parece que nunca, porque não se tratou apenas de salvar José Sarney de acusações que ele poderia ter respondido com segurança e altivez. No caso, os trapalhões transformaram a atividade parlamentar num circo. No qual tocaram fogo.

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