por Ives Gandra da Silva Martins
Teme-se uma recaída por teses fracassadas. As crises da economia de mercado são cíclicas, mas as das socialistas são permanentes
EM SETEMBRO de 2008, presidi o 8º Congresso Internacional de Direito Tributário, em Recife, coordenado pela eminente professora Mary Elbe. Na palestra inaugural, analisando a crise mundial que explodira naquele mês (em 1/ 9/08 o dólar estava a R$ 1,61), comentei estar o presidente Lula equivocado ao assegurar que o Brasil estaria blindado contra seus efeitos e que a crise era apenas dos países desenvolvidos.
Lamentei, mas tive que afirmar aos participantes, entre os quais professores portugueses, espanhóis e latino-americanos, que a crise atingiria o Brasil, duramente. Disse-lhes, também, não em conferência, mas nos encontros paralelos, temer que, no momento da chegada da crise em nosso país, o governo sofresse uma recaída socialista.
As recentes declarações do presidente Lula em Belém, contrastando com as de Putin, em Davos, parecem demonstrar que algumas autoridades federais estão revisitando as teses esquerdistas por elas preconizadas no Foro de São Paulo, muitos anos atrás.
O período eleitoral que se aproxima leva o governo a uma encruzilhada. Enquanto havia um boom econômico mundial, como de 2003 a 2008, graças à expansão desmedida do mercado consumidor, o Brasil aproveitou a maré alta e navegou em águas tranquilas, com o governo atribuindo a si os méritos do crescimento.
A atitude natural seria, agora, compreender que, em período de maré baixa, dever-se-ia começar, como os demais governos, a buscar soluções, como preconizam as autoridades econômicas, destinadas a recuperar o mercado, que, no Brasil, teve o agravamento de um inchaço desmesurado da máquina estatal.
No entanto, o caminho adotado parece ser aquele de atribuir aos outros culpas que são do governo e transformar a crise em trampolim para um discurso semelhante ao de seus amigos e vizinhos (Chávez, Morales e Correa), que aprovaram, recentemente, Constituições em que existe um só Poder (Executivo), pois os outros dois (Judiciário e Legislativo) são Poderes acólitos e homologatórios dos atos presidenciais.
Se o presidente Lula persistir no discurso do Fórum Social Mundial, de Belém, correrá o risco de dificultar a recuperação da economia -o que, na melhor das hipóteses, apenas será possível no ano de 2010-, além de afastar investimentos e parceiros importantes do setor privado, que ficariam em atitude reticente, aguardando sinalizações menos preocupantes.
É de lembrar que a própria posição assumida no caso Battisti, criando um desnecessário litígio com a Itália, desqualificando as Justiças italiana e europeia, sobre albergar condenado por quatro assassinatos, demonstrou insensibilidade -e o presidente, curiosamente, tem tido sensibilidade em muitas atitudes políticas-, pois, de certa forma, sinaliza que o Brasil pode receber terroristas, desde que tenham sido militantes da esquerda.
Não percebe o presidente que o terrorismo não se justifica nunca, mas é particularmente injustificável quando praticado em autênticas democracias, como é a Itália. Quando Lula foi eleito, muitos temiam que seu governo se pautaria pelas ideias do Foro de São Paulo, do qual participou e que propunha soluções políticas radicais, inclusive para a tomada do poder. A moderação política que assumiu enquanto o país esteve voando ao sabor do céu azul do crescimento mundial afastou os temores de um governo radical, nada obstante a sua simpatia pelo ditador Fidel Castro, que, ao assumir o poder em Cuba, se notabilizou pelos fuzilamentos em paredões de pessoas às quais não foi dado o direito de defesa.
Chegada a tormenta, todavia, teme-se que haja uma recaída presidencial pelas teses fracassadas até hoje no mundo inteiro, pois as crises da economia de mercado são cíclicas, e as crises das economias socialistas, permanentes. Tanto é verdade que a China só ganhou o status atual depois que deixou a economia socialista e aderiu à economia de mercado.
Os próximos meses mostrarão que alternativa seguirá o presidente. A de buscar equacionar os problemas, como os outros países estão fazendo, corrigindo erros apontados pela crise; ou atribuí-los a terceiros, procurando bodes expiatórios fora do governo, o que atrasará a recuperação do país, embora possa obter dividendos eleitorais e, apostando no "quanto pior, melhor", tentar implantar o sonho político acalentado no passado...
Felizmente, a equipe econômica tem atuado em consonância com a luta dos outros países para recuperar o mercado. Vamos aguardar o comportamento presidencial.
2 comentários:
A culpa é do LULA?
Mauro Carrara: Xô, terrorismo midiático! Empresário, proteja-se.
Atualizado e Publicado em 06 de fevereiro de 2009 às 18:27
por Mauro Carrara
Numa época de crise internacional, desenvolve-se hoje, claramente, no Brasil uma campanha de extinção da confiança e de destruição da economia nacional. Por motivos políticos, as grandes empresas jornalísticas utilizam a desinformação, a fragmentação, a descontextualização e a amplificação imprópria para semear a desconfiança e pulverizar a confiança do brasileiro.
Um terrorista que carrega no cinto uma fieira de bombas pode matar 20, 30, quem sabe 200 pessoas.
O terrorista munido de letras infectadas, entretanto, maquiavelicamente destrói milhares de negócios e empreendimentos.
Ele leva à falência seu principal fornecedor, afugenta seu parceiro estratégico e, principalmente, espanta seu cliente.
Por trás dos grandes jornais e revistas, instala-se hoje o pior e mais covarde terrorista. Ele instaura o medo, e assim paralisa máquinas, interrompe projetos e baixa as portas do comércio.
Ele deturpa, recorta, oculta, edita e espetaculariza a crise internacional. Sua guerra é "biológica". Ele tenta contaminar a tudo e a todos com a desconfiança.
Este é o pior terrorista, o que joga contra você e contra o seu negócio.
O dicionário Aurélio define terrorismo com absoluta clareza:
Modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas, ou de impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror.
Esta tem sido justamente a prática de profissionais lotados nas redações das principais empresas jornalísticas do Rio de Janeiro e de São Paulo, distribuidores de "notícias" para o resto da mídia nacional.
Bombardeio diário
Os sites desses veículos de comunicação têm realizado um bombardeio diário de informações negativas, destinadas a disseminar e ampliar o pessimismo entre os brasileiros.
Perceba: cada número é minuciosamente estudado para que a manchete promova receio e apreensão.
Mesmo que determinado setor tenha experimentado crescimento no ano, logo se encontra uma maneira de sensacionalizar algum arrefecimento nos negócios.
Escreve lá o dedicado redator: "esta é a pior taxa de aceleração numa primeira semana de dezembro dos últimos 10 anos no Oeste de Santa Catarina".
Ou seja, seleciona-se apenas o que assusta, o que amarra, o que bloqueia.
Este, meu amigo e minha amiga, é o pior terrorista.
Ele assassina a Matemática. Ele confunde propositalmente diminuição no ritmo de aceleração com retração. Até setores que crescem passam a figurar na página de más notícias.
A companhia X vendia 300 mil unidades de brinquedos por mês em Agosto. Passou a 315 mil em Setembro. Em Outubro, colocou no mercado 340 mil; em Novembro, 318. E fechou Dezembro com 390 mil.
Esses resultados não são efetivamente desanimadores. Nesses casos, a imprensa terrorista diariamente pinça o que há de pior. Noticiará ruidosamente a queda nas vendas entre Outubro e Novembro. Ignorará levianamente o pico de demanda no 12 de Outubro, Dia das Crianças.
Por último, tentará comparar os números de Dezembro de 2.008 com outros Dezembros, procurando mostrar que o crescimento foi menor do que o esperado.
Detalhe: se a comparação entre os Dezembros mostrar incremento substancial nas vendas, a ordem de vários chefes de redação será suprimir a informação. Em alguns casos, o fato é apresentando de maneira confusa ao pé da matéria.
Essa campanha diária tem objetivos obscuros. Os terroristas midiáticos tentam parar o Brasil para construir um argumento de contestação política.
Ainda que nosso país tenha se mostrado capaz de enfrentar os efeitos da crise internacional, a imprensa brasileira abusa da auxese. Faz com que o cenário pareça muito pior aqui do que lá fora. A comparação entre sites jornalísticos brasileiros, norte-americanos e europeus é estupefaciente.
Faz parecer que a crise é mais destrutiva aqui do que lá.
Ameaça e antídoto
A mídia terrorista tem atingido parcialmente seu intento. Tem imobilizado empreendedores, motivado demissões preventivas, interrompido projetos e assustado o consumidor.
O terrorista midiático cria, portanto, um processo de paranóia coletiva, que pouco a pouco, em efeito dominó, derruba o complexo sistema de trocas econômicas.
Em nome de objetivos egoístas e mesquinhos, politicamente particulares, a mídia terrorista está sufocando seu mercado, destruindo seu negócio e assassinando o seu sonho.
O terrorista midiático nunca tem nada a perder. Mercenário de carteira assinada ou free-lancer, ele está sempre seguro. E frequentemente seus atos de sabotagem lhe rendem generosíssimas gratificações.
Em suas linhas de retaguarda, alinham-se os cavaleiros do apocalipse, como os publicitários nizânicos e certa malta de economistas uspeanos.
Estes últimos, em suas pavoneações de rádio, atemorizam sistematicamente o cidadão.
-- Não comprem. Não comprem. Não gastem dinheiro algum – ordenam, do alto da cátedra.
Essa, pois, é a receita para que o próprio cidadão, mais à frente, perca o emprego.
Um hipotético trabalhador da indústria da informática foge da sorveteria que tanto aprecia. Com a queda na demanda, a dona da sorveteria deixa de ir à cabeleireira, a cabeleireira desiste de adquirir cosméticos, a fábrica de cosméticos demite 20% de sua mão-de-obra, as demitidas adiam o projeto de comprar um computador. E, pronto, o previdente ouvinte de rádio, trabalhador da indústria da informática, está na rua.
Sem invencionices, essa é a dinâmica das relações econômicas na sociedade.
E é nessa perversa reação em cadeia que o terrorista midiático aposta todos os dias.
Ele conspira para destruir seu negócio, para roubar o emprego de seus clientes e consumidores. Enfim, ele pretende criar dificuldades para você e para sua família.
Em épocas de crise, os ousados e confiantes prosperam. Quando a fumaça se dissipa, estão fortalecidos, à frente na disputa concorrencial. Aproveite a oportunidade. Valorize e recicle sua equipe. Descubra novos nichos de mercado. Qualifique seus produtos e serviços.
Quanto aos terroristas, tome uma atitude. Interrompa imediatamente a publicação de anúncios nas redes da mídia terrorista. Suspenda já a assinatura dos veículos de comunicação dedicados a destruir seu negócio.
Xô, terrorismo! Não deixe a crise entrar na sua empresa nem na sua casa.
Mauro Carrara é jornalista e consultor internacional em assuntos de cooperação econômica estratégica.
XÔ PETRALHA
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